Juliana também na onda digital

[...] o conhecimento é a navegação em um oceano de incertezas entre arquipélagos de certezas.

                                                                                                Edgar Morin

 

Este site objetiva compartilhar experiências, produções acadêmicas, eventos e tantos outros nexos possíveis no oceano hipermidiático.

O convite para navegar comigo nesse espaço virtual nada mais é do que uma proposta sem destino certo pelas vias da modernidade líquida. Vale lembrar que, embora seja uma espécie um derivar sem rumo, o projeto hipertextual mira alguns portos de ancoragem: educação, literatura para infância e juventude, múltiplas linguagens, diálogos intersemióticos, leitura/leitor, sociedade em rede (cibercultura), NTCIs (Novas Tecnologias da Comunicação e Informação) e gestão escolar.

Na leitura de minhas leituras de ordem cultural, econômica, histórica, social, linguística, literária, supranacional, tecnológica, enfim, humana, é possível verificar que o material disponibilizado acaba sendo resultante de um estar-no-mundo e, portanto, não se faz de maneira totalmente impessoal: eu, Juliana Pádua S. Medeiros, em busca de uma atitude crítica de prospecção, na função de professora e intelectual*, coloco-me em questões embaraçosas para confrontar dogmas e ortodoxias tão comuns na promoção da sociedade do espetáculo**.

Nos mais, está lançada a (a)ventura e é hora de zarpar.

Beijocas,

JU

 

* Para Said (2007), o intelectual configura-se como um sujeito histórico-social que desenvolve a sua criticidade, alicerçado em sua língua e nacionalidade. Esse agente intelectivo emprega, ativamente, o ponto de vista arraigado na sociedade em que está inserido. Ele, sem ignorar a alteridade, desloca-se de tal forma de si próprio que é capaz de descortinar os olhos para o outro, também como outro, não se confinando em um centro pelo qual emite sua crítica. Todavia, o seu papel é dialético, uma vez que luta contra a imposição de um silêncio dominante, ao passo que se impõe contrário à quietude da aceitação de um poder opressor. Nessa postura, o intelectual adota o senso crítico para combater a dominação simbólica, colocando-se como sujeito ativo e consciente do mundo contemporâneo, sem resumir sua prática humanista ao mero exercício da retrospecção nostálgica.

** Segundo Debord (1997), o espetáculo é o olhar iludido, a falsa consciência, a forma mais perversa do consumismo.

 

 

SAID, Edward. Humanismo e crítica democrática. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

Tipos de navegantes

Citamos, enfim, uma bela passagem do escritor norte-americano Edgar Allan Poe, usada por Derrick de Kerckhove, no livro Pele da Cultura, a qual serve para metaforizar a necessidade de uma reflexão, por parte do educador, sobre a sua prática educativa e o processo de ensino-aprendizagem: um marinheiro e o seu irmão estão num barco no meio de um enorme remoinho. Enquanto o irmão se agarra ao mastro do barco com o terror, o marinheiro observa como os grandes barcos e barcaças apanhados na espuma em espiral se afundam para se desempenharem no fundo, como se arrastados, pelo próprio peso, enquanto as estruturas mais leves sobem, beneficiando de uma contracorrente vertical. Tomando uma decisão difícil e tendo tentado em vão convencer o seu irmão a largar o mastro, o marinheiro agarra um barril arrastado na confusão e salta para dentro. É levado em segurança para a orla exterior do turbilhão, vendo o irmão afundar-se com o barco. Em outras palavras, é necessário que os educadores larguem o "mastro" que simboliza a certeza e a segurança e tenham a coragem de refletir e mudar a sua própria prática pedagógica pois seria lamentável justamente os educadores na contramão da história.

                                                                               Mozart Linhares da Silva

 

Nesse site, embarcam os mais variados tipos de navegantes. Convém apenas destacar que, sendo a educação, na maioria das vezes, o leme, os educadores/os alunos configuram a maior parte da tripulação.